Como lusodescendentes, herda-se o amor por aquela pátria, por aquela terra que está longe, mas que não é alheia ao coração. Fazem-se próprios os fados, aquelas danças e cantigas, a gastronomia e tradições… Tudo isso, faz parte da infância e adolescência de um lusodescendente, que quando adulto, sempre terá belas lembranças relacionadas à terra dos seus pais. Mas, e o português? Essa bela língua, mágica, cheia de detalhes que é o português, porque não cresce da mesma maneira com os lusodescendentes? A maioria percebe-o muito bem, mas qual é a vergonha que têm para o falar? Timidez tal vez. Mas esta é também uma reflexão para os pais desses jovens que desconhecem a pormenor a sua língua materna.
Nunca está demais falar português em casa, com os pais, primos, tios… Ler essa mágica história lusitana cheia de reis, viagens, descobrimentos e conquistas. Estar em constante contacto com essa música que vai de fazer sentir desde a maior nostalgia e saudade, até fazer encher o coração de alegria e vontade de dançar.
Portugal não é só essa terra que está ao pé do mar mediterrâneo, Portugal é onde os portugueses e lusodescendentes estejam. E não há melhor coisa que saber e perceber de onde se vem, conhecer essas raízes culturais, essa língua materna tão especial. Sim, porque a língua portuguesa está cheia de sons, cheia de detalhes e pormenores, que com cada palavra pode-se transmitir o orgulho, a felicidade e a alegria do que significa levar a Portugal no coração.
Que não crescer com a fortuna de falar português fluidamente, não tire a vontade de fazê-lo; porque os jovens lusodescendentes conformam uma juventude cheia de garra e vontade de viver, que sabe aonde vai e aquilo que quer.
Tem-se de pensar sempre em todas as possibilidades e oportunidades que existem para fazer os objetivos e os sonhos verdade, realidade. Existem tantas maneiras para aprender português! Só há de aproveitá-las ao máximo! Sem pensar em todas as “limitações” que já existem, como na falta de apoio que tem havido pela parte dos pais para o ensino do português, ou que na Venezuela não há muitos professores ou instituições dedicadas à língua portuguesa; não interessa se são muitos ou poucos, o importante é que há. Como também já não tem importância se os pais tiveram falta de interesse ou tempo para ensinar a língua lusa, o importante é que neste país existem centos de luso-descentes e portugueses com quem se pode fazer amizade, partilhar e fortalecer os conhecimentos deste o nosso idioma. Sempre é importante lembrar que as oportunidades estão onde forem procuradas. Conseguir alguém com essa curiosidade, vontade e amor pela língua portuguesa é muito fácil, será só questão de se apaixonar mais dela através da disciplina e do estudo. Em internet há muito material que se pode descarregar, como também existe o aceso a aulas virtuais. Mas realmente o que pode fortalecer essas habilidades com a língua portuguesa, é a amizade e o constante partilhar com outros portugueses e lusodescendentes, porque ai se reforçará o que já se sabe desta língua, e ensinará muito mais além daquilo que se pode aprender numa sala de aula, porque o saber de um idioma fortalece-se no dia a dia, na rua, com a gente.
A aprendizagem duma língua, em especial a portuguesa, dá uma visão muito mais ampla da cultura, da linguagem de rua, da procedência de certas expressões ou ditos, daquilo que se vive. Porque aprender uma língua não é só saber a estruturação de frases ou poder fazer uma leitura, é a compreensão duma cultura expressa, nos livros de história, nos textos, nos contos, expressões e ditos populares, na oralidade do dia a dia.
Que as limitações só sejam uma maneira de encontrar outras possibilidades e oportunidades, e se não se encontram, então criam-se, lembrando sempre que tudo o que se faz com garra e com esforço, desfrutando e sofrendo das dificuldades, tem um sabor de vitória muito doce.
Artigo publicado no Correio da Venezuela, o 24 de Fevereiro de 2011. Edição 396.
Atualização: 09-11-2020
Profa. Karina de Oliveira | LinkedIn
Fundadora de Fala Português